sábado, 19 de novembro de 2016

Intervenção Noturna: Inclusivass denunciam falta de acessibilidade em bares e restaurantes de Porto Alegre (RS)



Mulheres com deficiência também querem frequentar bares, restaurantes, lojas, cinemas e livrarias. Mas, apesar de a acessibilidade universal ser garantida por lei, muitos estabelecimentos em Porto Alegre não têm rampa de acesso, banheiros adaptados, cardápios em Braile e com letra grande, entre outras medidas que poderiam tornar estes locais acessíveis. Foi o que constataram as representantes do Grupo Inclusivass, formado por mulheres com deficiência, que desde 2014 atuam para dar visibilidade à luta por políticas de inclusão e respeito a seus direitos. Elas fizeram uma intervenção no final da tarde e início da noite de sábado, em 5 de novembro de 2016, na Cidade Baixa, bairro escolhido justamente porque reúne uma concentração grande de bares e restaurantes na cidade de Porto Alegre (RS).




Ao longo do trajeto, as Inclusivass Vitória Bernardes, Liza Cenci e Fernanda Vicari, que utilizam cadeira de rodas para se locomover, Ewelin Canizares, que tem dificuldade de locomoção e usa uma muleta, e os fiscais da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre (SMIC) Pablo de Morais Paim e Roberto André de Almeida, conversaram com gerentes de bares e lojas, atendentes e proprietários.


As dificuldades já começaram na hora de driblar os buracos e a falta de rebaixamento das calçadas para atravessar as ruas. 

#PraCegoVer Nas fotos abaixo, as Inclusivass Liza Cenci, Vitória Bernardes e Fernanda Vicari mostram como enfrentaram calçadas sem rebaixamento ou com rebaixamento inadequado, esburacadas, estreitadas por placas e mesas de bares. Primeiro, ao atravessar o Largo Zumbi dos Palmares (da Epatur), na esquina com José do Patrocínio, elas tiveram de pedir ajuda dos fiscais da SMIC que acompanhavam a intervenção para passar por um buraco e assim chegar ao rebaixamento da calçada para poder atravessar.









#PraCegoVer Na sequência de fotos seguinte, elas mostram como é difícil para uma pessoa em cadeira de rodas cruzar a esquina da Rua Luiz Afonso com a Lima e Silva, porque naquele trecho em direção ao Centro Comercial Nova Olaria a calçada é muito alta e não há rebaixamento. Tiveram de se deslocar pela Rua Luiz Afonso, na saída de carros do estacionamento do supermercado Zaffari, para descer pelo rebaixamento, seguir pelo meio da rua, junto aos carros, e enfrentaram outro rebaixamento precário na calçada em frente.












Foram visitados, por amostra, alguns bares localizados entre as Ruas da República e Lima e Silva. Os fiscais acompanharam o grupo. “Vamos fazer um relatório e enviar para a Secretaria Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social (Smacis) e Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV)”, disse Paim. 


#PraCegoVer A foto mostra Ewelin e Fernanda junto à porta de entrada de um estabelecimento 
em que tem um degrau. Em cima do degrau, em um tapete, se lê: "Bem-vindo"


 Em alguns lugares, as Inclusivass não conseguiram entrar devido aos degraus. “O recado indireto que nos dão aqui é: vocês não são bem-vindas”, observou Vitória. “A gente não quer briga, só queremos lembrar que estão excluindo um público”, acrescentou Liza.


#PraCegoVer  Ewelin mostra formulários e leis sobre acessibilidade


Fernanda explicou que não basta fazer uma rampa, é preciso também ter pessoal qualificado, que atenda com respeito e se disponha a acompanhar uma pessoa cega, por exemplo, ou a mudar uma mesa de lugar, se for preciso, para permitir a passagem de uma cadeirante.



#PraCegoVer  A foto abaixo mostra, entre os locais visitados, o Pampa Burger, na esquina da República com Lima e Silva, e o Quentin, na Lima e Silva, que tinham acessibilidade com rampa e banheiro para pessoas com deficiência. E, embora não apresentassem cardápio em Braile, os responsáveis mostraram-se sensíveis para ampliar as melhorias.  

Liza mostra banheiro acessível do Pampa Burger


Fernanda, Vitória e os fiscais Roberto e Pablo no bar Quentin


#PraCegoVer Nas fotos abaixo, as Inclusivass estão no bar Pinacoteca, onde o gerente noturno Marconi Santos ajudou a ultrapassarem o degrau, convidou-as para entrar e conversar no entorno de uma mesa, e ouviu atentamente as sugestões recebidas. “O bar vai fechar em 23 de dezembro para reformas e vamos torná-lo acessível”, afirmou.

Inclusivass no Bar Pinacoteca




#PraCegoVer A foto abaixo mostra a vendedora da Livraria Bamboletras, no Centro Comercial Nova Olaria, Caroline Joanello, que saiu da loja para conversar com as Inclusivass, porque as cadeiras de roda não conseguiram vencer os degraus e o sensor para detectar furtos, instalado junto à porta de entrada. Caroline disse que a livraria tem livros em braile e com áudio-descrição para venda, mas admitiu que o acesso à livraria era impossível para as cadeirantes.






Mais grave é a situação do banheiro feminino do Nova Olaria. As fotos abaixo mostram como Liza precisou pedir ajuda de um funcionário para empurrar a cadeira de rodas e entrar ali, porém não conseguiu chegar à área da privada devido ao tamanho estreito da porta. O mesmo aconteceu com Ewelin.

Liza teve de pedir ajuda para ultrapassar o degrau da entrada do banheiro


Porta estreita: dificuldades também para Ewelin


Nos lugares visitados, as Inclusivass apresentaram o projeto Todas são Todas, de inclusão das mulheres com deficiência nas políticas de enfrentamento à violência doméstica e outras políticas, desenvolvido em conjunto com o Coletivo Feminino Plural. Explicaram que as mulheres com deficiência sofrem duplo estigma: por serem mulheres e terem deficiência. E que enfrentam mais dificuldades na hora de denunciar as violências, que são de vários tipos, inclusive da falta de acessibilidade arquitetônica. Com a intervenção nos bares e lojas, querem contribuir para divulgar e fazer cumprir os direitos garantidos na Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência).


#PraCegoVer Na foto, Fernanda (à esquerda) e Vitória (à direita) entregam
material sobre o projeto TODAS SÃO TODAS para frequentadora do bar Quentin



Confira mais fotos desta atividade clicando AQUI



Abaixo, reprodução de notícia publicada em 07/11/2016 na página 11 do jornal Correio do Povo de Porto Alegre sobre a atividade realizada pelo Grupo Inclusivass no bairro Cidade Baixa :







quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Apresentação do Projeto TODAS SÃO TODAS aos Conselhos e Redes


Carol Santos e Ewelin Canizares, integrantes do Grupo Inclusivass, apresentaram o projeto TODAS SÃO TODAS na reunião da Rede Lilás, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. No encontro, realizado em 18 de outubro de 2016, Carol salientou a importância de incluir as mulheres com deficiência nas políticas de enfrentamento à violência contra mulheres e nas demais políticas. Ewelin salientou que as mulheres com deficiência são três vezes mais vulneráveis à violência e que enfrentam muitas dificuldades para registrarem denúncias. Os obstáculos vão desde chegar aos centros de apoio e referência, pela falta de transporte público adaptado, até a ausência de rampas e de intérpretes de libras, por exemplo.

As representantes da Rede Lilás receberam materiais informativos sobre o projeto TODAS SÃO TODAS. Salma Valencio, diretora do Departamento de Políticas para as Mulheres, órgão ligado à Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, ressaltou a necessidade de, cada vez mais, as mulheres com deficiência terem visibilidade e espaço. Disse ainda que deve ser um compromisso de toda a sociedade incluir as mulheres com deficiência em todos os setores e nas políticas públicas.


Durante o encontro, foi anunciado que o Centro de Referência Vânia Araújo estará em breve recebendo uma rampa de acesso. A falta de acessibilidade do Centro foi objeto de monitoramento feito pelo Grupo Inclusivass, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM) e Coletivo Feminino Plural.



Descrição da foto #PraCegoVer Da esquerda para a direita, em pé, Ewelin Canizares, Telassim Lewandowski, Fabiane Dutra, Salma Valencio, Renata Jardim e Aline Eggers. Na frente, sentada, Carol Santos segura um folder do projeto TODAS SÃO TODAS.




Descrição das fotos #PraCegoVer Carol Santos e Ewelin Canizares estão sentadas próximo a uma mesa. Ewelin está à esquerda de Carol, com os braços cruzados apoiados na mesa. Ao fundo, a seu lado, se vê mais mulheres. (Crédito da Foto: Renato Ávila - Ascom/SJDH)





Descrição das fotos #PraCegoVer Foto dá uma visão geral das integrantes da Rede Lilás em torno de uma mesa. Carol Santos aparece ao fundo, à esquerda. (Crédito da Foto: Renato Ávila - Ascom/SJDH)



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Carol Santos, coordenadora do Grupo Inclusivass, Josiane França e Ewelin Canizares, integrantes do Grupo, estiveram no dia 20 de outubro de 2016 no Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do RS para apresentar o projeto TODAS SÃO TODAS.


Após a apresentação, a presidenta do Conselho, Fabiane Dutra, sugeriu às conselheiras que levem a experiência das Inclusivass para todos os conselhos municipais e que incluam a pauta das mulheres com deficiência nas políticas públicas de suas cidades.

Descrição da foto #PraCegoVer  Carol Santos segura o folder do TODAS SÃO TODAS. Atrás dela, à direita da foto, há um banner em tons de rosa com a frase: "Suas mãos podem salvar sua vida" (referente ao mês Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama) 

Seguem abaixo algumas fotos mostrando a plateia, Carol em frente à plateia, fotos de grupo, e Ewelin e Josiane com o grupo de mulheres presentes no Conselho.